sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A América Latina mais uma vez nas garras do Imperialismo?



O cartaz do filme "Ao sul da fronteira", do cineasta Oliver Stone, traz a ilustração de enormes patas de águia aquinhoando o mapa da América Latina em vermelho. A obra de 2009 entrevistou uma série de políticos progressistas que chegaram ao poder na região através de eleições livres e diretas. Dentre eles, estava o ex-presidente Lugo, do Paraguai, derrubado por um golpe branco em 2012, assim como, a estrela que roubou a cena, o comandante Hugo Chávez, falecido em 2013, e então ainda presidente da Venezuela. 

                Quem assistiu ao filme, ou conhece minimamente a história recente da Venezuela, está ciente do mal sucedido golpe que foi urgido em 2002 contra Chávez, com o apoio explicito dos Estados Unidos, a águia em questão no parágrafo anterior. Pois bem, nas últimas semanas uma orquestração de setores conservadores têm se levantado contra o governo de Nicolás Maduro, eleito presidente venezuelano após a morte do líder bolivariano.
                                                       

                Os ataques surgem após alguns meses de relativa paz, Maduro vem enfrentando uma série de protestos por parte de uma oposição aventureira e pertencente aos estratos mais altos da sociedade. Rumores na grande imprensa internacional hegemônica tentam vincular diretamente o presidente à algumas mortes que têm ocorridos nas manifestações, que também mobilizam defensores do governo.
                O que está em questão é: mais uma vez, setores historicamente ligados ao grande capital e ao retrocesso em nossas terras se organizam para tentar frear iniciativas e um governo em prol dos menos favorecidos da sociedade venezuelana, que atravessaram a larga noite dos 500 anos - para usar uma expressão do Exército Zapatista de Libertação Nacional, de Chiapas - sem chances de quaisquer desenvolvimento.
                É preciso que os setores mais progressistas de nossa sociedade, nisso incluindo intelectuais, se posicionem a favor do prosseguimento dos progressos obtidos pelo processo em curso na Venezuela. Que as críticas ao modelo de governo ou a suposta personalidade prosaica de Maduro sejam debatidas, mas levando em consideração as tramas que se desenham de um açodamento do político para que tal conjunção seja paralisada.
                Por último, cabe frisar que as mobilizações da grande mídia e capital para atacar grupos que resistem à lógica pura e simples do lucro e financeirização, não é um privilégio de "nuestros hermanos" da Venezuela. As "madres" da praça de Maio, enquanto movimento social, vêm sofrendo um conjunto de ataques pelo grupo monopolista da imprensa argentina e no Brasil, grupos ligados aos direitos humanos também tiveram suas honras e trajetórias colocadas em cheque pelos mesmos atores políticos, a grande imprensa sem escrúpulos e também monopolista. Os três acontecimentos citados se deram todos na mesma semana. Cabe o alerta e a atenção para que mais uma vez a águia estadunidense não estique suas tão conhecidas unhas em nosso solo, nossa América, como diria Martí, novamente.